A conferência do clima da ONU e seus desdobramentos, por Ricardo Guimarães do BMG

No dia 30 de novembro teve início a COP21 em Paris, na França. Uma grande conferência internacional que busca soluções para a redução das emissões de gás carbônico na atmosfera, que entrarão em vigor a partir de 2020 na tentativa de limitar o aquecimento global em 2 graus Celsius até 2100. Ricardo Guimarães, presidente do Banco BMG, cita que o grande objetivo da COP21, a Conferência do Clima da ONU, é a redução das emissões globais de CO2 através da substituição das atuais fontes de energia não renováveis, tais como petróleo e carvão, por fontes de energias “verdes”, como a energia eólica, a energia solar e os biocombustíveis. Outra medida que deverá ser bastante debatida na COP21 é a redução do desmatamento, um grande responsável também pela emissão de CO2.

Contudo, essas mudanças deverão levar algumas décadas para serem concretizadas. Justamente em função disto é que está sendo realizada a COP21, ressalta Ricardo Guimarães, do Banco BMG. O objetivo fundamental da Conferência, que reúne todos os países do mundo, é estabelecer direitos e deveres na emissão de CO2 pelos países participantes. Países desenvolvidos, especialmente os Estados Unidos, são os grandes responsáveis históricos pela alta emissão de gás carbônico na atmosfera terrestre, um processo que remonta desde os tempos da revolução industrial e se estende até os dias atuais. No entanto, países em desenvolvimento, dos quais se destacam China e Índia, são responsáveis por grande parte das emissões de CO2 na atualidade.

As discussões na COP21 devem girar em torno do embate político e diplomático entre países desenvolvidos e países emergentes. Enquanto os países desenvolvidos propõem uma redução planificada das emissões de CO2, os países em desenvolvimento, por sua vez, reivindicam o direito de emitirem uma taxa maior do gás carbônico, uma vez que, na visão destes, os países já desenvolvidos possuem uma dívida histórica na emissão de CO2. Cada país participante, representado pelos seus presidentes e chefes de estado, levou para a Cúpula do Clima de Paris uma cota de gás carbônico que estariam dispostos a reduzir. No entanto, essas cotas são incoerentes entre si e chegar a um acordo não será tarefa das mais fáceis, relata Ricardo Guimarães, presidente do Banco BMG.

Caso um acordo para a redução de CO2 seja estabelecido durante a COP21 o mundo inteiro se beneficiária. O investimento em energias renováveis e limpas agora sairá muito mais barato do que uma possível reversão dos efeitos do aquecimento global do futuro, reporta Ricardo Guimarães do Banco BMG. A despeito de todo o embate político que haverá na conferência, a COP21 é um novo esforço global para evitar o aquecimento da atmosfera a longo prazo após os resultados decepcionantes do Protocolo de Kyoto, realizado em 1997, quando os países emergentes foram isentos de reduzir suas emissões de CO2.

Emissões de Gás Carbônico taxadas abaixo do custo

Em meio a realização e aos acontecimentos da COP21, a OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – divulgou um relatório na segunda feira, 07/12, apontando que grande parte dos países calcula o valor das taxas de emissão de dióxido de carbono abaixo do prejuízo real gerado pela poluição.

Segundo Ricardo Guimarães, presidente do BMG, o relatório divulgado pela OCDE expõe que em 90% dos casos seus países-membros jamais taxam acima da casa dos 30 euros, ou 120 reais, a tonelada de CO2 emitida. Este é o valor mínimo, segundo especialistas, para que o gás carbônico custeie os danos causados pela sua poluição. O estudo realizado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento econômico aponta um dado ainda mais estarrecedor: em 60% dos casos analisados não existe no país nenhum tipo de imposto sobre a emissão de gás carbônico. Enquanto em 30% dos países que cobram taxa por tonelada de CO2 emitida, este valor está entre 0 e 30 euros, ou seja, abaixo do mínimo para custear o prejuízo ocasionado pela poluição. Somente 10% de todos os casos analisados pela OCDE a taxa é aplicada no seu valor correto, acima dos 30 euros por tonelada de CO2 emitida.

Por fim, a OCDE afirma em seu relatório que na maioria dos países a taxa sobre a emissão de gás carbônico é cobrada como um imposto energético, e não como uma tarifa para compensar os danos climáticos causados pela emissão de carbono.

Cidades de todo o mundo buscam cortar pela metade emissão de CO2 até 2020

No dia 04/12, em evento concomitante à 21ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP21), foi divulgado o relatório Five year Overview Report of the carbon Climate Registry (cCR), que aponto um esforço mundial feito por cidades e estados de todos os países a fim de diminuir suas emissões de gás carbônico. O relatório foi baseado num estudo realizado pela International Council for Local Environmental Initiatives (Iclei), uma organização que reúne mais de mil cidades e estados ao redor do mundo que já realizam algum tipo de ação no que diz respeito à sustentabilidade.

Entre as cidades brasileiras que fazem parte do Iclei estão as paulistas Diadema, São Carlos, Campinas e Sorocaba e as mineiras Betim, Contagem e Belo Horizonte. Ainda fazem parte da rede Curitiba-PR; Fortaleza-CE; Maceió-AL; Manaus-AM; Recife-PE. Ainda integram o Iclei as 92 cidades do Rio de Janeiro, incluindo a sua capital.

O estudo foi realizado em 608 municípios, regiões e estados de 62 países ao redor do mundo no período entre os anos de 2010 e 2015. Esse universo analisado é composto por 8% da população mundial, ou 553 milhões de habitantes. Em todas as localidades estudadas o relatório contou 4709 ações de alívio para as mudanças climáticas e 1472 ações de adaptação as alterações provocadas no clima devido aos agentes poluidores.

Os 608 casos estudados expuseram no relatório uma emissão anual de 2,2 gigatoneladas de CO2 no ar atmosférico. Contudo, os municípios, regiões e estados, analisados no estudo se comprometeram de forma voluntária a reduzir em 1 gigatonelada as suas emissões gás carbônico até 2020, ano em que deverá entrar em vigor um possível acordo saída da COP21.

Ricardo Guimarães, presidente do Banco BMG, cita que essa redução assumida pelos diversos governos regionais no relatório do Iclei é semelhante à redução conseguida pela União Europeia entre os anos de 1990 e 2012.

Cerca de 90% da carga de gás carbônico emitido pelos municípios e regiões componentes do relatório são advindos da utilização de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e ainda pelo consumo de determinados tipos de energia, tais como calor e eletricidade. O transporte também é um fator importante, nestas regiões, no que se refere as emissões de C02.

O relatório ressalta a variabilidade no padrão de emissão de C02 pelas cidades estudadas, de acordo com o nível de desenvolvimento de cada região. Enquanto na América Latina o tratamento de resíduos é um grande vilão do efeito estufa, nos países mais desenvolvidos este fator não é preponderante, por exemplo. Pequenas e médias cidades, com população entre 500 mil e 3 milhões de habitantes, tiveram um papel importante na composição do relatório, uma vez que representam 70% do total de municípios estudados.

Sorocaba, no interior de São Paulo, é uma dessas cidades. Com cerca de 650 mil habitantes o município paulista está criando um projeto climático nomeado “Sorocara Cidade Sustentável”. Um dos principais objetivos do programa é promover o uso de meios de locomoção sustentáveis, como as bicicletas, em alternativa ao transporte automotivo. Outro ponto que o projeto da cidade paulista visa alcançar é o reflorestamento de áreas e a reintrodução de espécies nativas. Ambos os pontos do projeto representariam importantes reduções nos níveis de CO2 do município.

Segundo Estudo, emissão de CO2 deverá ter queda em 2015; boa e inesperada notícia

Em meio a toda tensão gerada na COP21 devido a interesses políticos e econômicos conflitantes, foi divulgada nesta segunda feira, dia 7, uma notícia inesperada: as emissões de CO2, principal agente do efeito estufa, deverão sofrer uma queda em 2015. A notícia foi publicada pela revista Nature Climate Change.

O estudo publicado na revista é fruto de pesquisas realizadas por cientistas da universidade britânica de East Anglia em parceria com o Projeto Global Carbon. De acordo com os resultados obtidos a emissão de gás carbônico podem sofrer uma queda de 0,6% no ano de 2015. Segundo Ricardo Guimarães, presidente do Banco BMG, essa queda representa uma grande mudança se comparada com os resultados da última década, quando as emissões globais de CO2 tiveram um crescimento anual médio de 2,4%.

Os pesquisadores que realizaram o estudo avaliaram que a previsão de queda pode ser resultado da redução da queima de carvão pela China, que sofre um sério problema devido a poluição. Devido aos altos índices de poluentes emitidos pelo país asiático, cidadãos de algumas cidades chinesas são literalmente sufocados por nuvens de poluição. O que tem feito a China buscar fontes alternativas de energia. Porém, uma das pesquisadoras que participou do estudo, Corinne Le Quére, ressalta que, infelizmente, a previsão de queda na emissão de dióxido de carbono em 2015 é um ponto fora da curva e não uma tendência global da mudança de emissões.

Fonte: Globo

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